A matriz energética brasileira tem proporcionado um grande potencial de expansão para o mercado de trading de energia. Para se ter uma ideia da força do setor, em 2019, se analisado em uma escala global, o mercado de trading de energia movimentou US$1,3 bilhões.
Confira neste artigo como funciona esse tipo de negociação no Brasil.
Mercado livre de energia: o início de tudo
A criação do mercado livre de energia no ano de 1998 mudou drasticamente o setor energético brasileiro. A possibilidade de comercialização de energia elétrica de variadas formas trouxe uma perspectiva de futuro muito positiva para indústrias, investidores e consumidores.
Basicamente, a criação do mercado livre foi inspirada no setor de telefonia, no qual os consumidores podem escolher qual empresa prestará serviço a eles. No setor energético, a ideia é a mesma. Com isso, a liberdade de escolha e o poder de decisão foram os fatores principais que pautaram a evolução do Ambiente de Contratação Livre nesses últimos 20 anos.
Hoje, 32% da energia consumida no Brasil já provém da modalidade e as previsões futuras são de que esse percentual não vai parar de crescer. Além disso, o mercado livre de energia possibilitou outra atividade — diretamente ligada a ele — e que ganha mais adeptos a cada ano: o trading de energia.
Entendendo o conceito de trading
Antes de entrarmos no universo das negociações livres de energia elétrica, é interessante entendermos o conceito geral sobre trading. O trading é o ato de operar na compra e venda de ações em um curto prazo, dentro de uma plataforma online, que realiza o trade.
Em tradução literal, trading significa negociação e um dos seus grandes benefícios é o de que o investidor pode apostar na compra e venda de ativos de qualquer empresa, em qualquer segmento, desde que elas tenham capital aberto nas bolsas de valores mundiais.
A esse investidor, dá-se o nome de trader. Ele atua profissionalmente na busca de operações de curto prazo, aproveitando-se da volatilidade do mercado. Basicamente, ele busca ganhos financeiros realizando a compra e a venda de ações ou outros ativos negociados em Bolsa.
Mas, como essa dinâmica se aplica no mercado de energia?
O trading no mercado energético
Conforme vimos, o mercado livre de energia permite a possibilidade do consumidor trabalhar com contratos bilaterais. Ou seja, ele pode escolher preço, prazo, volume contratado, indexador e outras variantes de seu agrado.
O trader de energia se aproveita dessa flexibilidade do Ambiente de Contratação Livre para aplicar o conceito da seguinte forma: ele compra a energia elétrica do gerador para oferecê-la ao consumidor por um preço fixo.
Os consumidores podem ser indústrias, shoppings centers ou prédios comerciais, desde que estejam classificados como Consumidores Livres ou Especiais. Essa é uma obrigatoriedade para migrar para a modalidade.
A diferença entre os tipos de consumidores se dá pela demanda mínima de energia que cada um deve apresentar e pelo tipo de energia que podem consumir: incentivada ou convencional. O profissional em trading de energia analisa diversos aspectos e cenários — condições climáticas, mudanças regulatórias, especulações internacionais, entre outros — para tentar antever quaisquer riscos e garantir operações de compra e venda de energia lucrativas.
O perfil do trader de energia
O perfil básico dos profissionais que praticam o trading é o de pessoas muito analíticas, que amam trabalhar com números e são entusiastas em análise de mercado. Essa combinação costuma estar presente em grande parte dos investidores e investidoras, não só no Brasil, mas em todo o mundo.
No segmento energético, não há segredo. Além de reunir todas as características básicas de um trader, quem decide investir no mercado não precisa necessariamente ter conhecimento técnico ou formação acadêmica no setor elétrico. O que é fundamental é a experiência e o tino para negociação de commodities. Afinal, a eletricidade também é um insumo.
O trading de energia no Brasil
Quando comparado ao resto do mundo, o mercado de trading em nosso país pode ser considerado ainda jovem, mas caminha rapidamente para uma grande evolução. Podemos observar isso no modelo de negociação, que ainda hoje ocorre através do chamado “mercado de balcão”, com as operações acontecendo via telefone, mas que, em um futuro breve, devem passar a acontecer em grandes telas, como nas bolsas mundiais. Some a isso a constante crescente do mercado livre de energia e das fontes de energia limpa e tenha um cenário amplamente positivo para a atividade no Brasil daqui a alguns anos.
Por que investir em trading de energia?
Diversos fatores traduzem os benefícios e as oportunidades de se investir no mercado de energia, mas dois chamam a atenção. O primeiro é o fato de que a eletricidade é um dos, senão o mais importante, insumos que consumimos. A sua falta ou o seu mau consumo impossibilitam a maioria dos negócios, dos micro aos grandes, em todo o mundo.
Ou seja, oferta e demanda não faltarão e trabalhar com negociações de compra e venda de uma commodity tão valiosa é, no mínimo, promissor.Com conhecimento de mercado e boas análises, é possível lucrar bons valores.
O segundo fato é a inevitável mudança da matriz energética mundial nos próximos anos. Os modelos de consumo, de geração e de comercialização de energia estão mudando rapidamente. Estamos deixando os combustíveis fósseis de lado para utilizarmos fontes renováveis de energia, como o sol, a água e o vento. Some a esse fato o potencial da matriz energética brasileira, que no ano de 2017, teve cerca de 80% de toda a energia do país sendo gerada por meio das fontes renováveis, e tenha um cenário ainda mais promissor.
O aspecto ambiental ainda traz o conceito ESG como outro fator decisivo para investir em trading de energia. O ESG utiliza como métricas avaliações sociais, ambientais e corporativas e seus impactos na construção de novos projetos e negócios.